Edição 163

Uma cortina de ferro agents desceu sobre o mundo

Boa tarde. No Espresso de hoje, você vai ver:

🔴 Em uma semana de governo, Trump já arranjou um bate-boca com um sul-americano — e, olha, não foi com Maduro;

🟡 O que está rolando por aqui;

🔵 A corrida de IA entre EUA e China acabou de ficar mais acirrada;

🟢 Brasil entrou de cabeça na moda dos clubes privados.

🥠 Seu biscoitinho da sorte

A coragem é a graça sob pressão. - Ernest Hemingway

Tour das manchetes

🚨 Direto do Planalto. Lula convocou uma reunião de emergência na Casa Civil para tratar dos impactos da suspensão de fundos dos EUA à agência da ONU que apoia migrantes no Brasil. A medida afeta a Operação Acolhida, que desde 2018 auxilia migrantes venezuelanos em Roraima com regularização e assistência humanitária.

⚰️ Extremamente triste. Oito dos 33 reféns que poderiam ser libertados na primeira fase do acordo de cessar-fogo entre Israel e o Hamas na Faixa de Gaza estão mortos. A informação foi confirmada pelo porta-voz do governo israelense após a recepção de uma lista de nomes fornecida pelo grupo terrorista.

📱 App das dancinhas. Trump disse que está discutindo com várias pessoas a possível compra do TikTok e que deve tomar uma decisão nos próximos 30 dias. Segundo a Reuters, a ByteDance, dona chinesa do app, manteria parte dos ativos caso o acordo seja fechado, enquanto a coleta de dados e o software ficariam nas mãos da Oracle.

🤖 Ctrl C, Ctrl V. A DeepSeek, startup chinesa, virou destaque no Vale do Silício ao lançar o modelo de IA DeepSeek R1, que superou gigantes como OpenAI e Meta. Um post anônimo, atribuído a um funcionário da Meta, afirmou que a empresa está em "modo crise" tentando entender e replicar os avanços do modelo chinês.

🎵 Na Terra do Rei. Elton John e Paul McCartney pediram ao governo britânico mais proteção para artistas diante dos avanços da inteligência artificial, enquanto o Executivo avalia uma reforma nos direitos autorais. Em entrevista à BBC, McCartney voltou a criticar o plano do governo trabalhista de mudar a legislação sobre o tema.

🏛️ La Casa de Papel? Ladrões roubaram quatro artefatos antigos, incluindo um capacete de ouro com cerca de 2500 anos, após usar explosivos para invadir o Museu Drents, na cidade de Assen, na Holanda. Imagens divulgadas pela polícia mostram os suspeitos abrindo uma porta externa antes de uma explosão lançar faíscas e fumaça no ar.

Em uma semana de governo, Trump já arranjou um bate-boca com um sul-americano — e, olha, não foi com Maduro

| Mundo

Mal começou o mandato e Trump já arranjou mais um desentendimento. No fim de semana, EUA e Colômbia protagonizaram um verdadeiro roteiro de cinema – e dos melhores.

Mas… vamos por partes.

🚪 Começo. Assim como fez com o Brasil, a gestão Trump enviou, na sexta, dois aviões militares para Bogotá com cidadãos colombianos que viviam ilegalmente nos EUA e haviam sido deportados.

• Mas, diferente do que os americanos esperavam, enquanto os aviões já estavam no ar, o presidente colombiano, Gustavo Petro, proibiu a entrada das aeronaves no espaço aéreo da Terra das Esmeraldas.

Petro alegou que Trump e cia não respeitaram os direitos das pessoas a bordo e, por isso, recusou os voos, obrigando os pilotos a voltarem para os EUA.

🚫 Meio. Com toda a situação montada, Trump ficou p da vida e anunciou uma série de sanções à Colômbia, incluindo:

1. O aumento de 25% nas taxas sobre todos os produtos colombianos que entram nos EUA;

2. Bloqueio de viagens de colombianos aos EUA;

3. O cancelamento de vistos de autoridades do governo e aliados de Petro;

4. Reforço nas inspeções em fronteiras e aeroportos para cidadãos colombianos;

5. Restrições ao sistema bancário e financeiro colombiano.

Entretanto, como chumbo trocado não dói, Petro pagou para ver. Decidiu fazer o mesmo com produtos dos EUA na Colômbia e anunciou que enviaria o avião presidencial para buscar os colombianos deportados em território americano. Gente…

🤝 Fim (é o que esperamos). Para acabar com a briga de gato e rato, os diplomatas — sempre eles — entraram em cena e conseguiram acalmar os ânimos. 

Assim, Trump pausou as taxas extras e sanções, enquanto Petro concordou em aceitar os deportados, com as garantias de proteção aos direitos dos colombianos que voltariam para casa.

Zoom out. Bem, por mais que tudo tenha sido superado, a primeira crise — certamente de muitas — de Trump mostrou como vai ser a relação do POTUS com os líderes latino-americanos. 

• Vale lembrar que o republicano já não está em sintonia com a presidente do México, especialmente após “renomear” o Golfo do México e anunciar o envio de centenas de imigrantes mexicanos de volta para casa.

O que está rolando por aqui…

| Brasil

🕊️ Papel diplomático. Lula e Putin discutiram, por telefone, questões da agenda global e bilateral. O presidente brasileiro reforçou o compromisso com a promoção da paz, enquanto Putin demonstrou interesse na iniciativa liderada por Brasil e China para resolver o conflito na Ucrânia.

🔗 Bastidores da volta. Os EUA pediram que os brasileiros deportados que fizeram escala em Manaus na sexta fossem algemados de novo antes de seguir viagem para BH. O voo, como era de se esperar, acabou em confusão, já que o avião precisou parar para reabastecer e houve um estresse entre passageiros e tripulação por conta do ar-condicionado quebrado.

🥚 Deliver more than what’s expected. A JBS, dona de marcas como Seara e Friboi, vai se tornar acionista da Mantiqueira, uma das maiores empresas de ovos do mundo, e fazer sua estreia no segmento de avicultura. De acordo com a operação, a JBS terá 50% do capital votante do negócio.

🎥 Nas telinhas. Ainda Estou Aqui retomou a liderança das bilheterias nacionais após receber três indicações ao Oscar 2025, incluindo Melhor Filme e Melhor Atriz para Fernanda Torres. Em sua 12ª semana de exibição, atraiu 216 mil espectadores e somou R$ 5,3 milhões, arrecadando R$ 84,3 milhões desde a estreia.

A corrida de IA entre EUA e China acabou de ficar mais acirrada

| Tech

De Stettin a Trieste, uma cortina de ferro agents desceu sobre o mundo. Para a aflição de Sam Altman, CEO da OpenAI, os chineses estão aperfeiçoando, cada vez mais, o modelo de IA generativa da DeepSeek, startup que está dando dor de cabeça aos lobos de Wall Street e aos magnatas do Vale do Silício.

• O bot, que foi lançado no começo do mês, é tão bom quanto — ou até melhor — que o GPT e, de quebra, é bem mais barato que o seu concorrente.

Se levarmos em consideração a teoria capitalista, uma oferta melhor e mais barata tende a atrair uma maior demanda — e, quem sabe, até dominar o mercado. Mas, contudo, todavia, entretanto, outros (muitos) fatores podem entrar no jogo e mudar o rumo dessa história.

Então, se você está se perguntando se a DS vai ser o GPT (leia-se o trendsetter) de amanhã, só o tempo dirá.

🤖 Tá, tá, Espresso, deixa de poesia. Por que eu preciso saber disso? Simples, meu ilustre leitor. Ao melhor estilo Guerra Fria, estamos vivendo uma corrida tecnológica, com EUA e China disputando a liderança em inteligência artificial. Se não acredita, basta olhar os fatos:

Ou seja, com receio de que a China use os chips para dominar o desenvolvimento da IA, — e, claro, produza armas biológicas e ataques cibernéticos em grande escala — Washington está fechando o cerco total ao mercado tech de Xi Jinping.

💰 Money talks, we translate. Como falei, os avanços da DeepSeek estão chacoalhando o Vale do Silício e prometem virar de cabeça para baixo Wall Street. Afinal, a tentativa dos EUA de segurar o avanço da IA na China parece estar dando, ironicamente, um empurrão no rival.

• É só ver como a startup chinesa já deixou a Meta, que planeja investir US$ 65 bilhões em IA, e a Nvidia, dona dos chips mais avançados do mundo, ligadas no alerta máximo. Só hoje, para se ter dimensão, a Chip Giant registrou uma queda de 10% nas ações.

📉 Zoom out. O modelo R1, da DeepSeek, que funciona de forma bem parecida ao o1 da OpenAI, chegou ao topo da App Store uma semana após seu lançamento, em 20 de janeiro. 

E o melhor (ou pior, dependendo do lado): custou só US$ 6 milhões em treinamento — uma "piada de orçamento" comparada às centenas de milhões que a OpenAI gasta para se manter no topo.

Brasil entrou de cabeça na moda dos clubes privados

| Negócios

Private members only. O Brasil entrou de vez na onda dos clubes privados, lugares em que a exclusividade, sofisticação e o tal do networking se encontram. 

• Inspirados pelas tendências globais, esses espaços estão redefinindo o conceito de lazer premium no país — e ainda se tornando um cartão de visita para quem quer surfar (literalmente) em grandes oportunidades.

🌊 Calma, ceci n'est pas une publi. Um exemplo do que estou falando é o investimento da KSM, BTG e Realty Properties, que, a partir de junho, deve oferecer praia artificial, piscina de ondas, simuladores de golfe, esqui, snowboard e até de Fórmula 1 para seus sócios. Que massa, mêu!

Além dessa iniciativa, pelo menos outras duas parecidas, uma no Preá e outra em São Paulo, já estão em fase avançada de construção. Com isso, ao que tudo indica, a máxima de que “a praia do paulista é o Tietê” está indo, desculpe a brincadeirinha, água abaixo.

🌎 Acontece lá, respinga aqui. Segundo a Mordor Intelligence, o setor de clubes privados deve ultrapassar US$ 27 bilhões até 2027. Só nos EUA, para comparar, já são mais de 18 mil negócios do tipo, que reúnem cerca de 10 milhões de associados.

• E, para entender esse sucesso, é só olhar para o Soho House, referência mundial em exclusividade. Com sedes em Londres, Nova York e Barcelona, a marca escolheu São Paulo para abrir sua primeira casa na América Latina.

A demanda foi tão grande que, antes mesmo de abrir, já tinha 1500 brasileiros na lista de espera — todos dispostos a desembolsar pelo menos R$ 20 mil por ano, valor aproximado da anuidade em 2023.

🖼️ Big picture. No fim das contas, esses clubes vão além de simples espaços privados — são verdadeiras comunidades exclusivas em que o lazer e o networking andam juntos.